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domingo, 31 de janeiro de 2016

PEREIRINHA FAZ ANÁLISE DE 2015 E PROJETA 2016

Dificilmente o esporte é visto pelos administradores públicos como uma ação social. Prova disso, é o baixo percentual do orçamento destinado às secretarias de esportes. Nesta entrevista ao Diário, o secretário municipal de Esportes, Antonio Carlos Pereira, explica como sua pasta enfrentou esse e outras dificuldades em 2015 e como pretende ampliar os investimentos neste ano.
Pereirinha, como é conhecido, assumiu a Secretaria de Esportes em 2009, credenciado pela história que possui dentro esporte estadual e nacional. Apesar das críticas iniciais pelo fato de não ser botucatuense, o dirigente conseguiu reduzir a desconfiança mostrando-se um hábil captador de recursos externos. Deixou a secretaria no final do primeiro governo de João Cury para assumir um cargo na organização da Copa do Mundo.
Doente, voltou a Botucatu e ficou afastando das atividades profissionais por um bom tempo até ser convidado para voltar à Secretaria no segundo mandado do prefeito João Cury.
Diário da Serra - Como a Secretaria tem feito para atender as inúmeras demandas dos esportistas botucatuenses?
Professor Pereira - 
Esta secretaria tem pautado suas decisões no diálogo com os diversos segmentos esportivos da cidade: clubes, associações de diversas modalidades (Judô, Karate, Jiu Jitsu, Kung Fu, Capoeira, Ciclismo, Atletismo,Basquete, Voleibol), organizadores de eventos (Brasil Ride, Haka Race, Corrida Explorer, Federações Esportivas, Yescom) e toma suas decisões com base no número de beneficiados e na disponibilidade orçamentária. Nosso compromisso maior é de assegurar a democratização do acesso aos recursos públicos. E nos últimos anos conseguimos ampliar o número de entidades com as quais estabelecemos convênios e parcerias. Essa é uma marca dessa administração que muito nos orgulha.

DS - Por que o Esporte tem uma parcela tão pequena nos orçamentos públicos de uma forma em geral?
PP - Essa é uma realidade que fica evidenciada quando se olha para os orçamentos dos municípios, dos estados e do Governo Federal. No Brasil, ainda existem carências em muitas áreas. Se comparado com a maior parte dos municípios, a situação de Botucatu ainda pode ser considerada privilegiada. Na grande maioria das cidades, os recursos destinados ao esporte ficam entre 0,3% e 0,5% do orçamento geral. Em Botucatu, mais de 1,5% do total geral que se arrecada é destinado ao esporte. Este quadro na minha leitura se deve a necessidade de se investir mais em educação, saúde, segurança, infraestrutura. Em alguns casos, sabemos que os índices mínimos obrigatórios são insuficientes para atender as necessidades básicas da população. Para que se tenha uma ideia, na Saúde vários serviços e equipamentos novos foram abertos como Pronto Socorros, SAMU, novos postos de saúde, além da necessidade de destinação de recursos para compra de medicamentos, campanhas de vacinação, ambulâncias, contratação de profissionais. Na Educação, temos a compra de material escolar, uniformes, equipamentos, construção de escolas e creches, etc. Por conta dessa realidade, é preciso ressaltar o trabalho que o prefeito João Cury realizou nos últimos oito anos buscando recursos extra-orçamentários que contribuíram para a construção de novos equipamentos esportivos em nossa cidade. Hoje a prefeitura tem a noção clara das necessidades na área esportiva e, na medida do possível, elabora bons projetos e mantém boas relações com os governos estadual e federal que nos permitem pleitear recursos para execução de obras e ações que beneficiam a nossa população.

DS - Quais foram as principais ações da Secretaria de Esporte em 2015?
PP
 - Podemos destacar a abertura de licitações para a construção do Centro Esportivo na Praça Heróis do Araguaia (Monte Mor) e construção do Ginásio Paradesportivo atrás do Ginásio Mario Covas, ambos com verba do Ministério do Esporte; participação nos diversos eventos do calendário esportivo Estadual e Regional (Jogos Regionais Jogos Abertos, Jori, Jogos Abertos do Idoso, competições de federações esportivas, Copa TV Tem e Record, entre outros); promoção de diversos eventos de modalidades que enfatizam o esporte de  aventura (trekking, Mountain Bike, caminhadas, corridas de ciclismo, corridas a pé, moto cross, etc. e nos diversos campeonatos de futebol e futsal em diversas faixas etárias). Melhoramos a estrutura das praças esportivas; ampliamos os espaços que passaram a contar com academias ao livre; apoiamos as mais diversas iniciativas e eventos esportivos e demos todo o suporte para o trabalho das escolinhas.

DS - Quais os principais objetivos para 2016?
PP - Os principais objetivos são a entrega dos dois ginásios esportivos (Monte Mor e Paradesportivo); do Centro Paradesportivo que abriga um grande conjunto aquático; ampliação da Praça da Juventude com a revitalização do Bosque do Sossego (paisagismo, iluminação, câmeras de segurança já executados) e construção de quadra de tênis, nova administração, academia ao ar livre (em fase de licitação); além de continuar trabalhando para transformação do antigo campo da Vila Maria em um grande complexo esportivo.

DS - Botucatu deixou de ter esporte coletivo de alto rendimento. Primeiro foi o futebol feminino, agora é a vez de o futsal masculino acabar. A prefeitura pretende fazer alguma coisa para tentar ajudar esses clubes a manterem equipes competitivas?
PP - A Prefeitura apóia os clubes sociais da cidade por intermédio do aluguel de suas instalações para atender a efetivação das escolas de esporte, através de projetos sociais executados pelas entidades e transporte para as competições. É vedada pelo Tribunal de Contas a liberação de verba específica para o desenvolvimento de esporte de alto rendimento. Quanto à modalidade de futebol feminino, a Prefeitura apoiou esta modalidade em 2014 com recursos, mas devido a sua prestação de contas estarem em desacordo com normas da administração pública, não pudemos continuar com este apoio.
Mas nem por isso, em 2015, deixamos de participar com vitórias nos Jogos Regionais e Abertos, nas Copas TV Tem e Record. Quanto ao futsal adulto, pelas mesmas razões não temos como fazer aporte direto de recursos para esta categoria, mas continuaremos colaborando com Associação Atlética Botucatuense no tocante a transporte para competições oficiais nas categorias menores e nas outras modalidades. Aquilo que estiver ao nosso alcance continuará sendo feito, porque entendemos que os clubes esportivos prestam um grande serviço à cidade.

DS - Você tem uma grande experiência na área esportiva. Não seria interessante para cidade ter um esporte como referência? Unindo clubes, prefeitura e iniciativa privada?
PP -
 Claro que seria interessante termos uma modalidade de esporte coletivo em nossa cidade. Mas não basta ter vontade. É preciso que haja suporte financeiro para que isso aconteça. Esporte de alto rendimento requer estrutura, muito investimento e participação da iniciativa privada. Os clubes não dispõem de orçamento suficiente para isso. Já as empresas têm as suas dificuldades para aportar recursos mesmo contando com leis de incentivo tanto em nível estadual como federal. Por exemplo, a Caio/Induscar apoiou a Associação Botucatuense de Desporto com aproximadamente quatrocentos mil reais via Lei de Incentivo Federal (Imposto de Renda). Creio que após uma avaliação do resultado obtido não manifestou mais interesse em continuar com este apoio. Já a prefeitura não pode fazer esse desembolso. Temos trabalhado pela criação de uma cultura esportiva na cidade, oferecendo condições para que a prática do esporte aconteça nos mais diversos bairros. Além disso, estamos sempre abertos a estabelecer parcerias e discutir projetos que possam, dentro das nossas possibilidades, resultar na criação de equipes de alto rendimento.

DS - Qual a análise das escolinhas esportivas? Elas estão atendendo quantas pessoas?
PP - As escolas de esportes são uma necessidade e têm atendido os objetivos desta administração em todas as faixas etárias. Hoje contamos com cerca de 4.500 alunos. Convém ressaltar que esta clientela é bem diferente de dez anos atrás, quando eles andavam tranquilamente mil metros para realizarem suas atividades. A cidade cresceu muito havendo a necessidade de deslocamentos para praticar determinada modalidade. Mas continuamos dando total apoio aos núcleos de iniciação esportiva espalhados pela cidade, já que cumprem uma função social importante.   

DS - Qual a sua visão sobre essa polêmica envolvendo na liberação do uso de carrinhos de bebê na pista do Inca? Você concorda com a decisão do prefeito?
PP - Primeiramente é preciso esclarecer que a decisão não foi somente do prefeito. Eu fui consultado e apoiei esta solicitação, pois não vi, e não vejo como pode prejudicar os usuários da pista de atletismo do Estádio Municipal. Aquela pista possui seis raias e três delas são reservadas para os atletas. Inclusive cadeirantes, que treinam em horários variados (manhã, tarde, noite). Existe uma clientela de praticantes de caminhada que se utiliza de duas raias e a raia seis para as pessoas que querem levar seus filhos ou netos em carrinhos para continuar com a sua prática da atividade física. A utilização não passa de três a quatro pessoas por dia. Com certeza não causa transtorno a ninguém.

DS - Qual a importância da passagem da tocha olímpica por Botucatu?
PP - A importância é extremamente significativa. Primeiro que Botucatu será uma das 300 cidades do Brasil que terão este privilégio. Segundo que será uma das 41 cidades do Estado de São Paulo. Terceiro que nos próximos cinquenta anos não haverá outra Olimpíada no Brasil. E quarto que Botucatu está inserida na realização deste grande evento esportivo internacional, que com certeza estará presente em todo o seu percurso.

DS - Em sua opinião, qual a importância da Olimpíada para o Brasil? Ela trará benefícios?
PP - No que se refere à importância esportiva não há como negar que o esporte brasileiro tem se beneficiado. As equipes contarão com treinamento adequado, eventos testes, grandes instalações esportivas, legado principalmente para a idade do Rio de Janeiro, competições de alto nível e a visibilidade do País no cenário Internacional. Com certeza trará benefícios, mas para se concretizar todo este legado se faz necessário haver um aprimoramento na gestão das entidades que dirigem o esporte brasileiro, (confederações, federações, comitês olímpico e paralímpico, ministério e secretarias estaduais e municipais).

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