A triste realidade do futebol feminino
Quico CuterJornalista e cidadão botucatuense
Lamentável em todos os sentidos a situação atual vivida pela equipe feminina do BFC – Botucatu Futebol Clube. Foi doloroso o episódio da agressão mútua entre jogadoras e o presidente do time. Que cena grotesca.
As meninas fizeram a parte que lhes cabia, levando a cidade ao topo mais alto da elite do futebol feminino, que está, gradativamente, ganhando seu espaço no futebol brasileiro e porque não dizer mundial.
Eu sou do tempo em que era necessário buscar as meninas na casa e pedir pelo amor de Deus para que elas se propusessem ir ao campo jogar, sem ganhar, absolutamente, nada. Que dificuldade era arrumar 11 atletas. Aliás, nem campo para treinar havia. Então, tudo foi construído subindo degrau por degrau de uma escada que tinha tudo para chegar ao seu ápice máximo. Agora, entretanto, o degrau acima está ruindo e se nada for feito, a derrocada é eminente. A curto prazo.
Se o fator financeiro foi um dos grandes motivos para a situação chegar aonde chegou, também faltou atitude da diretoria para tentar administrar esse problema e humildade para buscar apoio no empresariado, apresentando um projeto a médio e longo prazo. Esperaram o patrocínio cair do céu. Deu no que deu. E o agravante é que agora estão surgindo notícias que podem comprometer diretores e comissão técnica. E, cá entre nós, não dá para explicar o inexplicável. Vamos ver no que vai dar.
E a pensar que nosso futebol feminino era a única atração esportiva do momento que fazia com que a população tivesse um motivo para torcer. Como já aconteceu com a natação (que também não é mais a mesma), o voleibol (do técnico e hoje presidente Carlão, da AAB – Associação Atlética Botucatuense, modalidade esta que é citado no hino do clube) e do futebol de salão do BTC – Botucatu Tênis Clube.
E, por falar nisso, os saudosistas hão de se lembrar daquela verdadeira seleção brasileira de futsal do BTC montada pelo técnico Bolinha, nos anos 80. Entre outros atletas, faziam parte daquele grupo o Mané, Fernando Melo, Celestrin, Paulinho Amorim, Dito Manivela, Gildinho, Bosco, Neto e Lulinha.
Foi esse mesmo time que jogou de igual para igual com a melhor equipe de futebol de salão montada pelo Corinthians e que tinha o maior jogador do mundo, na época, o ala Medina. O futebol de salão do BTC fez escola e também teve seus momentos de glória na AAB, com o professor Pedro Dias. E continua tendo, principalmente nas categorias de base.
Bem, voltando ao BFC, resta dizer que se alguma atitude não for tomada, se nenhuma empresa ou entidade arregaçar as mangas e assumir o time, estaremos fadados a ver essa equipe se deteriorar e voltar naquela época do amadorismo total, onde jogar era apenas um passa tempo de domingo. . E isso, por culpa dos diretores da agremiação (sem exceção) que esperaram o time se afogar para só depois jogar a bóia.
Aliás, tinha a diretoria a convicção de que a Prefeitura Municipal, de uma forma ou de outra, poderia dar uma ajuda financeira e efetuar o pagamento dos salários atrasados das jogadoras, o que não aconteceu. Não por culpa do atual prefeito, João Cury Neto (e isso é bom deixar claro), mas sim por falhas que vem do passado e cresceu ao longo dos anos. Errou a Prefeitura Municipal e errou a diretoria do clube. Agora, só Deus sabe o que poderá acontecer.
Apesar dos pesares, quero me incluir naquela ala de otimistas, que quer ver nossa equipe feminina brilhando pelos gramados do Brasil, levando o nome da cidade a diferentes regiões. Quero acreditar nisso. Ainda. Mas, do jeito que as coisas estão caminhando, teremos mesmo que nos conformar em ver o time disputando partidas amistosas pela região, sem o brilho que fez o futebol feminino de Botucatu, uma das mais respeitadas equipes do País.
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