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Revista diz que ministro do Esporte recebeu dinheiro desviado de programa
Segundo a Veja, Orlando Silva teria participado e até gerenciado esquema de desvio de recursos públicos. Político nega e fica perplexo com o caso
Por GLOBOESPORTE.COM
Brasília
A revista "Veja" trouxe neste sábado denúncia contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, de participação em um esquema de desvio de dinheiro público. Segundo a revista, o policial militar João Dias Ferreira, preso em 2010 pela polícia de Brasília, disse que o ministro e coordenador principal da preparação brasileira para a Copa do Mundo de 2014 teria atuado como gerente de um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, do ministério, e até recebido em mãos dinheiro do mesmo. O programa libera recursos para compra de materiais esportivos e alimentação de crianças carentes em projetos relacionados a esportes e é baseado em parcerias com prefeituras, governos estaduais e ONGs.
O suposto esquema seria realizado nos convênios com entidades sem fins lucrativos. Em nota citada pela própria reportagem, o ministro Orlando Silva nega ter conhecimento ou participação em qualquer desvio ou cobrança de propina, e afirma que vai "processar os caluniadores".
De acordo com a Veja, o policial disse que as ONGs participantes do programa só recebiam os recursos após o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor do convênio, e que seria tanto embolsada por dirigentes do PC do B, partido do ministro, como utilizada como caixa 2 da legenda, tendo inclusive sido utilizada - segundo a revista - para financiar a campanha presidencial de 2006.
De acordo com o policial ouvido pela reportagem, integrantes do partido participavam de todo o processo de desvio dos recursos, inclusive indicando fontes para notas frias que comprovassem os gastos. A assessoria do partido informou que ainda hoje irá divulgar posicionamento sobre o assunto.
Ainda segundo a publicação, um atual empregado do policial e agora empresário João Dias, Célio Soares teria atuado como motorista e mensageiro do grupo que realizaria o suposto esquema de desvio de dinheiro. Ele teria afirmado à revista já ter entregue dinheiro tanto ao motorista de Orlando Silva como ao próprio ministro. A entrega teria ocorrido na garagem do ministério do Esporte, em 2008.
- Eu recolhi o dinheiro com representantes de quatro entidades aqui do Distrito Federal que recebiam verba do Segundo Tempo e entreguei ao ministro, dentro da garagem, numa caixa de papelão. Eram maços de notas de 50 e 100 reais - diz trecho da entrevista de Célio publicada pela revista.
De acordo com a reportagem, o esquema teria começado quando Orlando Silva ainda era secretário-executivo do ministério. À época, o titular da pasta era Agnelo Queiroz, hoje governador do Distrito Federal.
Orlando Silva fica perplexo
Em Guadalajara, no México, onde participou da cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos, Orlando Silva disse que as calúnias seriam retaliações ao combate a irregularidades.
- Repudio a farsa publicada hoje em Veja. As calúnias sao reações as medidas que determinei para combater irregularidades identificadas - afirmou o Ministro, pelo Twitter.
Neste sábado ele dará uma coletiva na sede do Pan para falar sobre o caso.
Oposição pede afastamento de Orlando
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira (SP), defende que o ministro Orlando Silva seja afastado do cargo enquanto as denúncias forem apuradas. Em nota, Nogueira comunicou que vai entrar com representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que tanto o ministro como o governador do DF, Agnelo Queiroz, sejam investigados.
- O Ministério do Esporte está à frente das obras e preparativos para a Copa e as Olimpíadas e isso envolve a administração de bilhões de reais. O ministro não pode estar sob suspeição, acusado de montar esquemas de corrupção. As denúncias precisam ser apuradas.
Ainda de acordo com Nogueira, o PSDB já havia pedido no início do ano que os convênios do programa Segundo Tempo fossem investigados.
- As denúncias envolvendo o ministro e o programa Segundo Tempo são recorrentes. É preciso uma investigação profunda. Há fortes indícios de que, para participarem do programa, as ONGs eram escolhidas a dedo, ligadas ao PCdoB, e pagariam propina pelo convênio. Isso é muito sério, um esquema criminoso. É dinheiro público indo pelo ralo.
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